(1869 –  1948)
"A Luta   Pela Libertação da Índia
Em  1914 regressa à Índia em definitivo e dá início à sua luta pela  independência da dominação britânica que já dura quase 3 séculos e, com  igual vigor, pela Tradição de sua gente, em grande medida contaminada e  fragilizada diante da infecção capitalista.
Como líder político e espiritual da Índia soube  utilizar-se engenhosamente de toda a Tradição para reerguer o orgulho de  sua gente, abalado pela dominação e deu muito que pensar àqueles que se  consideravam "superiores" e por isso dominavam. Este sempre foi e segue  sendo o discurso do dominador: uma pretensa "superioridade" que, ao fim  e ao cabo demonstra-se circunscrever ao campo da belicosidade e ponto  final. Gandhi centra sua luta na busca de demonstrar a superioridade  moral dos hindus sobre seus dominadores britânicos e, assim, reaviva a  mente de seus conterrâneos quanto a 2 ensinamentos, tão antigos quanto o  hinduísmo: A-HIMSA – Não violência ou, como Gandhi preferia dizer,  "Persistência pela Verdade" e SATIAGRAHA – Viver em santidade.
Tomemos a não violência. Gandhi pregava a resistência  pacífica (não confundir com passiva; a não violência deve ser ativa e  provocativa!). Não concordar em se submeter ao mal e estar disposto a  dar até a vida se necessário for, para provar que está do lado do que é  justo, bom e correto. Foi assim que, de demonstração maciça em  demonstração maciça, o Império Britânico comprovou muitas vezes a  superioridade moral daquele povo oprimido e dominado.
A famosa "Marcha para o Sal" foi um ponto de inflexão  decisivo. Os Hindus, moradores da região banhada pelo Oceano não por  acaso chamado de Índico, eram proibidos de produzir sal. O sal utilizado  no cotidiano de todas as famílias tinha o fluxo, a produção e a  circulação, monopolizadas pelos britânicos. Gandhi ensina os hindus a  desobedecerem a esta sandice. Do centro da Índia, em 1930, faz saber ao  Primeiro Ministro Britânico que se dirigiria ao mar para produzir sal  num gesto de desobediência civil, ativa, provocativa e contudo pacífica.  Foi acompanhado de um pequeno grupo e a este se foram agregando cada  vez mais significativas massas humanas. Ao fim, a história registra que  milhares de pessoas andaram mais de 320 Km  a pé. Este contingente imenso  de seres humanos chega à praia e começa a fazer sal. Qual o problema? O  povo da Índia vai à praia banhada pelo Oceano Índico fazer sal para o  seu consumo. O que têm os britânicos a ver com isso?
O controle do sal estava na raiz do controle de toda a  economia hindu pelos britânicos. Tão logo Gandhi começa a fazer sal e  ser imitado a dominação é colocada em xeque. Os  ingleses já não controlam os  indianos. Estes estão prestes a tomar seu destino em suas próprias  mãos.
Outros fatores contribuem para a emancipação do povo  hindu de maneira diferente daquela desejada por Gandhi que, mais de uma  vez, fez um "jejum até a morte" para protestar contra a dominação  britânica e pedir paz a seu povo. Em momentos considerados cruciais para  a economia britânica Gandhi convocava o povo a "jornadas de jejum e  meditação" – na prática ninguém trabalhava, mas Gandhi jamais falava ou  mesmo pensava na palavra "greve". A expressão apropriada dentro da  Tradição hindu para o que se estava fazendo era "Jornada de jejum e  meditação".
Um Exemplo
            Admirado por aliados e adversários, foi  chamado pelo Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill de "faquir  despido". A questão que marca é: um faquir despido, que se alimenta com  uma côdea de arroz e uma tirina d'água por dia e se veste com uma peça  de tecido feita por ele mesmo e que muito se assemelha a uma fralda, um  homem com tal forma de comportamento e hábitos espartanos pode ser  suspeito de corrupção? Alguém presumiria estar ele lutando por algo  diferente do que diz?
            Albert Einstein o saudou como "porta-voz da  humanidade".
            Quando o armamento mais sofisticado está  nas mãos do adversário, que domina, a resistência pacífica, fundada na  resistência e persistência pela Verdade é o encaminhamento mais  eficiente. Impossível ao hindu derrotar o dominador britânico através de  guerrilhas ou luta armada. Por outro lado, utilizando a Verdade como  arma seu poderio é inquestionável!
            Encaminhar o processo político a partir de  um resgate profundo do que de mais sincero, bonito e duradouro existe na  Tradição e na Alma de seu povo, esta é uma das lições que nos deixa  Mahatma Gandhi.
Lázaro Curvêlo  Chaves –  29/06/2006

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